domingo, 31 de maio de 2009

Paço endurece contra lojistas

Centro comercial cortou energia de três lojas para combater a inadimplência. Lojistas afirmam que os pagamentos estão em dia e depositados em juízoA administração do Paço Alfândega cortou ontem, sem aviso prévio, o fornecimento de energia a três lojas instaladas no prédio do Bairro do Recife. A medida aumentou a tensão entre a nova gestão do shopping, a Realesis Recife Empreendimentos Imobiliários S.A. – braço local do banco fluminense BVA –, e os lojistas instalados no centro comercial. Na visão do Paço, trata-se de combate à inadimplência. Mas o grupo de lojistas (são dez com ações na Justiça e não apenas os três que sofreram o corte de luz) diz que os pagamentos estão em dia. Os valores estão depositados em juízo, porque há divergência no que cada lado considera o valor correto da fatura.“Às 8h, um funcionário me informou que a loja estava sem luz. Procuramos a administração e ela informou que o corte foi feito propositadamente, por uma orientação da Realesis e da BVA. Eu e os outros dois lojistas, da Bellucci (Alta Gastronomia) e da Casa do Pão de Queijo, fomos conversar e nos repetiram a mesma história: de que a energia não seria religada em função do desacordo comercial com o Paço”, relata Givaldo Guilherme dos Santos, proprietário do Chocolate Café Club.Ele chegou a classificar a atitude do shopping de “criminosa”, devido aos R$ 3 mil de perdas em mercadorias – como sorvetes e outros produtos refrigerados – que relata ter sofrido, além de ter amargado o dia sem atendimento aos clientes.“Desde que assumiu o controle do Paço Alfândega, em maio de 2008, a Realesis S.A. vem priorizando as ações de ajuste administrativo e financeiro do empreendimento, com vistas à sua reestruturação”, diz uma nota encaminha pela assessoria de imprensa do shopping, intitulada Paço combate a inadimplência. Foi nesse tom que a administradora do centro comercial assumiu de vez a briga, que vinha se desenrolando nos bastidores.Em outubro passado, o advogado Cézar Casanova revelou ao JC que o banco fluminense BVA, após assumir o shopping em agosto de 2008, entrou na Justiça para cobrar o que considera pagamentos atrasados dos lojistas. Casanova ressalta, no entanto, que há ações mesmo contra quem tem seus pagamentos em dia.Os lojistas, acompanhados do advogado, procuraram a Delegacia da Polícia Civil da Avenida Rio Branco, também no Bairro do Recife, e solicitaram o registro em um Boletim de Ocorrência. A luta, a curtíssimo prazo, será pela tentativa de religar a energia. Mas a briga é mais profunda, pois envolve uma polêmica sobre a prestação de contas do shopping e questionamentos quanto ao valor cobrado por aluguéis.http://jc3.uol.com.br/jornal/2009/05/29/not_332523.phpPOLÊMICAPaço reclama dívidas, lojas cobram informaçãoPublicado em 29.05.2009Em nota encaminhada ontem, administração do shopping diz que alguns lojistas não pagam aluguel ou serviços há sete anos. Já os lojistas cobram, na Justiça, uma prestação de contas do PaçoEm nota encaminhada à imprensa sobre o caso do polêmico corte de luz de três lojas, ontem, o Paço Alfândega informa que “alguns lojistas não pagam aluguel ou serviços públicos há mais de sete anos.” A administradora do shopping, Realesis Empreendimentos Imobiliários S.A. (do banco BVA), procurou destacar a quantidade de dívidas que quitou após assumir o Paço. Mas os lojistas que estão na Justiça contra o shopping querem mais. Eles entraram com uma ação de prestação de contas do condomínio, para que o centro comercial, em vez de apenas citar débitos pagos, discrimine item por item o que tem sido feito com o valor recolhido a título de condomínio.O advogado Cézar Casanova representa dez lojistas que têm ações judiciais contra o Paço. Para ilustrar qual a polêmica na ação de prestação de contas, diz que cada loja tem um contador de luz – todos, segundo ele, lacrados: apenas o shopping tem acesso à medição e envia as faturas para os lojistas sem que esses possam comparar os números com o do medidor.“Para onde vai o dinheiro do condomínio? Qual é o tamanho da conta da energia elétrica”, questiona o advogado, que espera muito em breve ter sucesso na ação.“Nesses 12 meses já foram sanados volumosos débitos juntos à Compesa e à Celpe, entre outros, além de ter sido retomada a obra de restauro e recuperação do Edifício Chanteclair, equipamento integrante do complexo comercial, e reforçada a manutenção predial do Paço”, informa, na nota, a administração do Paço, que ainda complementa: “A iniciativa de alertar os lojistas inadimplentes – alguns com mais de 90 meses sem saldar seus compromissos de aluguel e, mesmo, de serviços públicos – atende ao propósito de equilibrar e dar racionalidade administrativa ao empreendimento.”Casanova relata que há três frentes no Judiciário. A abertura das contas é apenas uma delas.A proprietária da Casa do Pão de Queijo, Kátia Brito, sustenta que “nada do que foi prometido foi honrado”. Ela se refere, entre outros pontos, às queixas feitas na Justiça por Cézar Casanova. O advogado sustenta que, em vez do fluxo de 150 mil clientes por mês que o Paço prometia ter, o shopping não chega a 2 mil consumidores por semana, ou seja: menos de 8 mil pessoas circulando no shopping mensalmente.“Existe uma leitura que se faz hoje que não precisa nem de comentários, ela é evidente. Dessa nova administradora, praticamente há mais de um ano à frente do Paço, a única realização contundente foi fechar lojas. De lá para cá, mais de uma dezena de lojas foi fechada na nova administração”, critica Givaldo Guilherme dos Santos, proprietário do Chocolate Café Club. http://jc3.uol.com.br/jornal/2009/05/29/not_332524.php

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