domingo, 9 de agosto de 2009

Cédula de R$ 1 em extinção

Pense bem: quando foi a última vez que você viu uma cédula de R$ 1? O beija-flor das notas está mesmo ameaçado de extinção. Pode acreditar: é mais fácil encontrar o peixe garoupa que ilustra as cédulas de R$ 100. Segundo dados do Banco Central, há 224,8 milhões de notas de R$ 100 circulando no país, contra 169,2 milhões de R$ 1. Isso porque elas pararam de ser produzidas em 2006 e, a partir de então, os bancos passaram de reter as cédulas deste valor que, na maioria das vezes, está bem deteriorada.Para a aposentada Soledade Vaz, 66 anos, a nota de R$ 1 é quase uma recordação. "Faz dois anos que eu vi esta cédula. Foi em um troco da farmácia", comenta ela. Já a nota de R$ 100 entrou na rotina. "Sempre que saco dinheiro no banco, sai uma dela", diz ela. Tempos atrás, era tão difícil se deparar com a cédula de R$ 100, que ao vê-la tinha quem desconfiasse se era verdadeira. "Hoje, ninguém se surpreende mais", conta. Surpreso mesmo ficou o advogado Lairton Rodrigues, 65 anos, semana passada, ao receber uma nota de R$ 1 do cobrador de ônibus. "Esta nota está bem rara. Encontro mais o papel de R$ 2 ou a moeda de R$ 1", comenta. O filho Lairton Júnior, 29 anos, também advogado, nem lembrava a última vez que pegou em uma nota de R$ 1. "Acho que porque tem mais moeda, que circula com mais facilidade, que a gente não vê mais a nota", afirma Júnior. Josenildo Martins, gerente financeiro do Shopping Guararapes, conta que 95% do pagamento do estacionamento é feito com moedas. De tudo que é pago com cédula, as de R$ 1 não correspondem nem a 5%. De fato, há mais moedas de R$ 1 no país que chineses no mundo: 1,4 bilhão de moedas estão em circulação. O último lote de cédulas de R$ 1 foi entregue pela Casa da Moeda do Brasil ao Banco Central em março de 2006. O BC decidiu concentrar a produção da denominação de R$ 1 na moeda, pois apresentam melhor relação custo-benefício. A cédula de R$ 1 tem a sua vida útil estimada em 13 meses, enquanto a moeda de R$ 1 dura no mínimo 20 anos. A troca das cédulas pelas moedas de R$ 1 desagrada. Soledade Vaz diz que gosta mais da nota porque é melhor de guardar na carteira. Já Lairton Rodrigues defende que a cédula facilita a disponibilidade de troco, porque muitos têm o costume de guardar as moedas em casa. Com o fim da fabricação das cédulas de R$ 1, veio a produção das notas de R$ 2 - hoje com 639,7 milhões de unidades - que também passou a ser estimulada junto com a moeda de R$ 1, pois a combinação de ambas permite qualquer troco entre R$ 1 e R$ 5. As poucas cédulas de R$ 1 que estão circulando vão entrar em "extinção". É que, quando estão muito deterioradas ou classificadas como "não úteis", ficam retidas nos bancos. Em seguida, essas notas são encaminhadas para o Banco Central para serem destruídas. Pelo visto a nota de R$ 1 vai virar peça de colecionador. A cédula que a repórter conseguiu para fazer a reportagem já está guardada.

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