Um futuro que ainda não chegou, mas há esperança

Agamenon // Estudos para melhorar o tráfego na avenida já existiram, mas nunca saíram do papel. A dúvida é se o novo projeto para a via do urbanista Jaime Lerner será executado

Ideias e projetos para melhoria do tráfego na Avenida Agamenon Magalhães nunca faltaram, mas também nunca saíram dos esboços. Antes de se pensar em importar os conhecimentos e a experiência do urbanista paranaense Jaime Lerner, que está à frente no momento do projeto do Corredor Norte-Sul, cujo eixo principal será a avenida, outros especialistas já se aventuraram a pensar em soluções para o trânsito da via e nada foi feito. A questão é se desta vez as obras vão sair do papel. A matéria de hoje fecha a série sobre o assunto iniciada na última quarta-feira.Há dez anos, o engenheiro e professor da disciplina de pontes e concreto da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco (UPE) Carlos Callado desenhou o que seria o futuro da Agamenon em 2010. A proposta dele previa a construção de dois elevados (viadutos) para desafogar o tráfego. A ideia não chegou a ser concebida em projeto. Depois disso, também chegou a ser motivo de estudo por uma equipe de engenheiros da Universidade Federal de Pernambuco um projeto batizado de Transporte Empreendimento, que utilizaria um novo modelo de transporte com o uso de elevados, mas também não vingou. Segundo o engenheiro e professor Oswaldo Lima Neto, que participou da equipe que elaborou o projeto preliminar, a proposta foi mais além e previa um transporte, semelhante a um metrô, que faria a ligação de Boa Viagem para a PE-15 e interligasse o Centro pela Avenida Conde da Boa Vista. "Em alguns trechos haveria a construção de elevados, inclusive na Avenida Agamenon Magalhães", revelou Oswaldo Lima Neto. O projeto que foi engavetado estava orçado na época em US$ 150 milhões de dólares.Copa 2014 - Anunciado às vésperas de 2010, pelo governador Eduardo Campos, em parceria com a Prefeitura do Recife, o novo projeto do corredor Norte-Sul será um importante equipamento de mobilidade urbana, pensado também como uma das estruturas de transporte em função da Copa do Mundo de 2014. Mas, apesar da sua dimensão e importância para o município, há uma certa insegurança quanto à execução.O projeto, que está sendo elaborado pela equipe do urbanista Jaime Lerner, não tem ainda os recursos garantidos para ser posto em prática de imediato. E também não há prazo para execução da obra. De acordo com a secretária executiva da Secretaria das Cidades, Ana Suassuna, somente com o projeto na mão, a secretaria vai buscar os recursos. "Nós temos duas possibilidades: uma é uma parceria público privada e a outra é tentar recursos públicos", revelou. Segundo Ana Suassuna, o plano plurianual de 2007 a 2011 não tem um valor específico para este projeto. "Em 2007 havia uma perspectiva de Recife ser uma das subsedes da Copa e, embora não tenha ainda essa definição, há uma pressão maior para que os projetos de mobilidade sejam executados e eles vão ser. Mas não tenho como prever o prazo e o valor do projeto, sem ter ele na mão. No entanto, creio que no segundo semestre teremos uma posição", afirmou. Caso a obra saia do papel, as modificações no trânsito na avenida irão beneficiar, também, quem trabalha dirigindo os ônibus que circulam pela via. O motorista Ivânio Antônio de Arruda, 45 anos, sendo 25 de profissão, tem expectativa de uma melhor qualidade de vida. "Se for verdade que eles vão fazer um corredor só para os ônibus, certamente vai melhorar muito para a gente", afirmou Ivânio. Na linha Aeroporto/Tacaruna, Ivânio Arruda gasta em média duas horas por viagem para efetuar o percurso de ida e volta. "Esse tempo é com o trânsito normal. Se engarrafar, perco ainda mais tempo durante o percurso", explicou. Já a demonstradora de vendas Verônica Solon, que utiliza a via diariamente, acha que um corredor exclusivo de ônibus vai ser melhor para todos. "Os carros pequenos são espremidos pelos ônibus.Acho que seria mais tranquilo para quem dirigepela avenida. Mais seguro", disse.